quinta-feira, 15 de março de 2007

PALATO VERSUS "PALALTO"...



O POETA DO PALATO E O "PALALTO" DO JORNALISTA




O Poeta, brilhante (laureado com o prêmio "Othoniel Menezes", agora, em 2007) , chama-se ANTONIEL CAMPOS - engenheiro civil, gente de bem, e antropófago afamado.

O Jornalista, Fotógrafo, Professor, é ALEXANDRO GURGEL BENEVIDES PIMENTA, esforçado escriba - gente muito boa ! Todavia (êpa!), às vezes, um pouco "esquecido" em relação ao vernáculo.

Vez em quando, é colunista literário e correspondente do "O Mossoroense" em Natal, além de colaborador da revista "Papangu", também da terra que chamo de "colosso do Norte" - chão de Cid Augusto, primoroso poeta, e de Carlos Santos, escrevinhador dos bons. Ao "trocar as bolas", no seu exitoso e muito lido blogue, de palato por "palalto", Alex (como é conhecido), mereceu mote e glosa - pois "quem não pode com o pote", não pode se arriscar com a "rodia":

MOTE:


Antoniel, você diga

o que diabo é "palalto" ?


GLOSA:


Não quero fazer intriga,

só quero do trigo o joio...

Me abrigo no seu apoio,

Antoniel, você diga !

Essa, é palavra antiga,

do basco, do estrusco alto,

economês do Planalto ?

-Mestre, bardo, me arresponda:

meto - êpa! -, aqui, a sonda:

- o que diabo e "palalto" ?

DIA DA POESIA - UM CARNAVAL, ARRE ÉGUA !

"Cortejo poético" - Foto Alex Gurgel


DEU NO JORNAL (DE HOJE):


“A poesia e o seu dia
Emma Thomas

Senhores. O dia amanheceu com as costumeiras nuvens, o mesmo sol de ontem e a ressaca eterna do dia póstumo. Se o bonde não dobrou a esquina na mesma hora usual é porque nem bonde nem motorneiro existem mais. As filas continuaram a formar-se, como diariamente, numa intermitência sem descanso, o pão teimou em sair quentinho dos fornos, os jornais foram distribuídos e vendidos a um real e cinqüenta, um real e vinte cinco, para os poucos que lêem, o médico insuspeito vestiu seu jaleco alvo e atendeu a romaria de malsãos, o sinal continuou fechado enquanto o perpendicular esverdeava."
"O papa apareceu nos telejornais praguejando contra o segundo casamento.
Os pardais desceram dos céus, alheios a benções e aspersões, em sua algazarra habitual. O que importa é a briga pelo maná, seja lá de onde venha."
"Triste, o mar despejou suas ondas contra a praia.
No entanto, eis que nos chegam as boas novas: em comunhão estreita com as hienas, o poder público chama seus fiéis ao congraçamento da vulgaridade. Reza o calendário oficial, hoje é o dia da poesia. Então, de joelhos, oremos."


"E agradecemos, de mãos postas, a broa nossa de cada dia quatorze, quando, de ano em ano, o tempo do sol cumprir a termo sei lá que rota espacial, a municipalidade reparte as migalhas com os pombos, enquanto os pardais aguardam, os biquinhos pardos tremelicando.
E tome festa e pegue show e brilhe o espetáculo e ressaltem-se os discursos na voz tonitruante dos oficiais de plantão e nos apupos da platéia infernal. Pois é no inferno, já apregoava Sartre, que descansam os outros, bem antes de Santoro embarcar para a ilha de Lost."


"E viva! Hoje é dia da moçada comer brioches. Nada de pãozinho francês mal-dormido. Passa a geléia de morangos silvestres, sivuplé. O suco de mangabas silvestres está uma loucura. A poetisa, indecisa entre ser musa ou ativa, já retirou o vestido do cabide, passado a ferro de engomar, já retocou maquiagem e batom. O apocalíptico já ensaiou seu discurso radical, requentando- o em fogo brando, porque foi contemplado com uns tostões no ano que passou e não fica bem exagerar no inflamável."

"O homem com uma câmera na mão e mais idéias na cabeça que certos miriápodes tem de pés já engatou seu silêncio blasé, e mesmo sem lágrimas a segredar, sacou do bolso da calça as lentes escuras com que realça sua persona greco-bahiana."

"O chefão acordou indisposto, ouviu chateado o assessor preparar-lhe o espírito e as palavras escolhidas com pinça edulcorada para serem ditas logo mais, entredentes, entre sorrisos amarelados, entre aquela massa mal-vestida, mal-cheirosa, mal-humana, mas, enfim, com direito a voto digital."
"Abram os jornais de hoje, senhores. Os versinhos, decassílabos, poliédricos, modernos, abstratos, estão todos lá. Hoje é dia de espanar os restos mortais de Othoniel Menezes e Ferreira Itajubá. E por que diabos fui falar em Itajubá?"


Ferreira Itajubá-Foto Web


Othoniel Menezes-Arquivo

"Deve ser a praga do castelão endiabrado, o pároco da capela sixteena. Pois não é que nem sepultura o Manuel Virgílio teve? Seus ossos andaram pela casa de Henrique Castriciano assombrando o empregado Ambrósio, vulgo Inselência, que dizia ouvir versos e cantorias."

Henrique Castriciano-Foto Web



Câmara Cascudo-Foto Web

"A informação é de Cascudo, como não poderia ser diferente: para apaziguar o medroso secretário, Castriciano levou os ossos do poeta, que já tinham feito a travessia Rio-Natal naquele distante 1915, para a Igreja do Bom Jesus, onde, tempos depois e por falta de espaço, o padre sepultou-os junto a outros anônimos numa fossa não menos anônima, consagrando, sem saber e querer, o destino eterno da tão festejada poesia potiguar.”

segunda-feira, 12 de março de 2007

UMA "OBRA-PRIMA"...



DEU NO BLOG "GRANDE PONTO"

do Jornalista Alexandro Gurgel:


"Poema Processo

Eduardo Gosson convida a todos para o debate sobre os 40 anos do poema/processo, a ser realizado na AS Livros, da BR 101, às 16:00h, dia 14 de Março, tendo Dácio Galvão como debatedor. No mesmo dia e horário, Eduardo Alexandre convida para um debate sobre a celebração dos 30 anos do Dia da Poesia, no pátio do Museu Café Filho, na rua Coronel Cascudo, defronte à lateral da Assembléia Legislativa."




À vista da notícia, transcrevo um "poema-processo" - que coisa linda e rara ! - de um dos inventores desse tipo de besteira, o Sr. Moacy Cirne que, patrocinado pelos cofres públicos municipais, vem a Natal falar sobre a fecal matéria. Leiam a "maravilha:


"POEMA/PROCESSO 1986

de Moacy Cirne [ Projeto inaugural: 1986 ] Versão 2000:


ESTE POEMA é merda pura.

Não, este poema não é merda pura.

Este poema é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.

Não, este poema não é um soco no saco dos sacanas da Sibéria.

Este poema é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.

Não, este poema não é um convite para uma viagem a Marte e São Saruê.

Este poema é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.

Não, este poema não é um grito contra os agiotas da grafia palavrosa.

Este poema é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.

Não, este poema não é um bangalafumenga qualquer qualquer qualquer.

Este poema é um sim, é um não, é um talvez.

Não, este poema não é um sim, não é um não, não é um talvez.

Este poema é um dedo, um dado, um dia do folheto de cordel.

Não, este poema não é um dia, um dado, um dedo do folheto de cordel.

Este poema é uma boa bosta. Sim, sim, sim!

Este poema é uma boa bosta; de preferência, com farinha.


[ in Balaio Incomun 1337, de 1/11/2000 ]"


Lindo! - Não acham?

sexta-feira, 9 de março de 2007

ICONOGRAFIA DE OTHONIEL MENEZES

OTHONIEL MENEZES (1895-1969)






Última fotografia, Rio de Janeiro (1968-Laélio)

O irmão Gabriel Menezes de Melo (Oficial de Exército, 1898/1961)
Maria da Conceição Ferreira ("Maria de Othoniel", 1900/1968),
à esquerda da fotografia

Laélio Ferreira de Melo, o "benjamim" dos filhos

Othoniel Menezes de Melo Neto, filho de Laélio e Marione Lira
- coincidentemente nascido em 10 de março de 1971, no mesmo data e na mesma
hora em que nasceu o avô (10/03/1895)

Maria da Conceição,em 1908, no Ceará-Mirim,
com os pais Hermílio Abílio Ferreira e Maria
Olímpia Ferreira

Lauro Ferreira Braga, genro, casado com Teresinha,
filha de Othoniel e Maria. Herói na 2a. Guerra Mundial,
nascido no Espírito Santo, falecido no Rio de Janeiro

Teresinha Ferreira de Melo Braga - 1927/2005

Othoniel, em 1927, fardado de Sargento do Exército, na Praça
André de Albuquerque, com Teresinha. Havia deixado o cargo de
Primeiro Secretário do Goveerno, cujo Palácio se vê ao fundo.

Othoniel, em 1925, com os três filhos do primeiro
casamento com Maria do Carmo Menezes (sua prima legítima).
Da esquerda para a direita: Euryalo, Maria do Carmo e Maria de
Lourdes.


João Menezes de Melo (1896/1920), pioneiro,
herói e mártir da Aviação Militar Brasileira.Morreu no
legendário Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro,
aos vinte e quadro anos. O primeiro Aviador nascido
no Rio Grande do Norte.
Othoniel, em 1909, aos quatorze anos, em Natal,
aluno do Atheneu Norte-rio-grandense.


"Othoniel Menezes" - Samba-enredo da
"Balanço do Morro", das Rocas, em 2003

Fac simile da última trova - uma homenagem
à sua Maria.


Laélio (à esquerda) e Hermilo (Netinho),
ladeando Helen Ingersol, grande poetisa
mossoroense
Lápide do túmulo, no Cemitério de Jardim do Seridó-RN,
de Maria Clementina Menezes de Melo, mãe do Poeta.
Suicidou-se aos 28 anos de idade.
Othoniel, Maria e os filhos temporãos Laélio,
(Lelinho) à esquerda, e Hermilo (Netinho). Praça Pedro
Velho, Natal, 1947
Othoniel (sentado, à esquerda), a filha Teresinha e o
Jornalista e Escritor paraibano Ademar Vidal, em Natal - 1931.
De pé, estudantes paraibanos em visita ao Estado.
Francisco Menezes de Melo, Bacharel de Olinda e Recife, Professor,
Advogado, Juiz de Direito no RN e em PE, Delegado-Regional
de Polícia naquele Estado, irmão de Othoniel, primogênito
do casal João Felismino Ribeiro Dantas de Melo/Maria Clementina
Menezes de Melo. (1892/.....
Nome de rua (Santos Reis, Natal), bem à vista do
"Potengi amado" da ""Praeira"

Francisco Euryalo Bomfim de Melo, primogênito
de Othoniel, filho de Maria do Carmo Menezes.
Faleceu em Fortaleza-CE. Oficial da Aeronáutica.
Filhos de Othoniel: Laélio, Washington e Hermilo.
Praça Pedro Velho, Natal - 1944

Fotos das filhas (do primeiro casamento) Maria do Carmo (Tamina) e Maria de Lourdes (Biúde),
Natal, 1922

"Parnamirim Field", hoje Base Aérea de Natal, em 1944,
durante a 2a. Guerra Mundial. Othoniel é o primeiro, em pé,
à esquerda. Trabalhava no Posto de Engenharia.


CD da primeira gravação, na íntegra, da "Praieira" (A Serenata
do Pescador), Hino Tradicional da Cidade de Natal.



Primeira página do jornal "A Liberdade", publicação
do Levante de 35, em Natal. Custou ao Poeta
Othoniel três anos de cadeia.

Maria da Conceição Ferreira, em Ceará-Mirim,
aos dezesseis anos

Maria Clementina Menezes de Melo (1871/1899),
mãe de Othoniel
Rua Queiroz Lima, 18, Catumbi, Rio de Janeiro.
No primeiro andar, faleceu Othoniel Menezes.

Efígies de Othoniel Menezes e do irmão João Menezes, apostas
na sala da casa em que nasceram, na Rua das Laranjeiras, 16, em
Natal. Homenagem da Fundação "Cícera Queiroz", proprietária, hoje,
do imóvel
Casa onde nasceu o poeta (Rua das Laranjeiras,16)

quinta-feira, 8 de março de 2007

ELEGIA À MULHER - NO SEU DIA...



"MULHER
...a pedidos

Procriar, cozinhar, ser submissa.
Eis o que convém por teu mister.
Ir do tanque ao fogão, rezar na missa,
é tudo o que se espera de uma mulher.

Por lazer, passar roupa e ver novelas,
preparando o jantar para o seu dono.
Lavar à mão, se acabar no Sabão Omo,
fazer as unhas areando as panelas.

Perceber cada gesto do meu olho:
se é pra rir, pra falar ou pra calar.
Advinhar qual a carne e qual o molho,
enquanto põe umas cervejas pra gelar.

Esquecer essa história de poesia,
isso é para o homem - ser pensante,
que desde priscas eras, ou bem antes,
o tudo sobre tudo já sabia.

Melhor cuidar da casa, dos costumes,
evitando essas roupas indecentes.
Só usar Leite de Rosas por perfume
e achar bom quando cheiro à aguardente.

E caso for gritar por liberdade,
eu disso tomo logo a dianteira:
num gesto de candura e de bondade,
eu ponho mais um elo na coleira.



(obrigado, obrigado...)

ANTONIEL CAMPOS, o cara."

Antoniel Campos, o autor do poema, fantasiado de manicaca

quarta-feira, 7 de março de 2007

O LEVANTE DE 35 - IV



O DEFUNTO DO MINISTRO


Roberto (Guedes) (*).

Saravá prá Vossa Mercê!

Leio, nas "foia", que, na semana passada (parece), o puxa-saquismo paroquiano promoveu o lançamento da 3a. edição de um depoimento de Aluízio Alves, um tal de "Memória Viva" - certamente patrocinado por dinheiro público...


O diabo é que tanta coisa boa fica por aí, sem edição e reedição.

Esse "livro" - dele, tenho duas edições - revela que o "coleginha" Aluízio, antes de completar os quinze aninhos de idade, portanto mal saído dos cueiros, já revelava, em 1935, precisamente em novembro (era um espécie de "secretário-mirim" de José Augusto, o inolvidável governador "Zé Promessa"!), um pendor catastrófico para a "cascata"...

INVENTOU um cadáver (jura que viu!), um presunto SEM NOME, nas dependências da "A República", em cujas oficinas, dois ou três dias antes, haviam rodado "A Liberdade" - por sinal escrita, de cabo a rabo, por Othoniel Menezes e Gastão Correia.

Vai chutar assim na caixa-bozó ou em Cabul!!!

Conheço muita coisa sobre a tal "Intentona Comunista" e o tal presunto da "A República" nunca foi anotado por ninguém (V.Homero Oliveira, João Medeiros Filho, Luiz Gonzaga Cortez,João Maria Furtado e alguns brasilianistas)...

É ruim, hein !?
Abraço,

Laélio Ferreira
(08/05/2002)

(*) Roberto Guedes é advogado e jornalista